terça-feira, 25 de maio de 2010

E a cada último suspiro um pedaço meu se esvai.

A morte, afinal o que é a morte? Pra mim é a invenção de uma pessoa muito fria e que no mínimo não amava ninguém, pois alguém em sã conciência nunca cria tal coisa.
Bom, eu com todo esse meu sentimentalismo escondido não sei lidar com a morte, mas acho que ninguém sabe lidar com ela. Como saber lidar com algo que tira uma pessoa querida sua sem dar explicações, vai lá faz o serviço e pronto, nem uma última conversa, um último abraço, um último beijo, nada. A morte é tão insensível.
Eu estive pensando muito no sentimento que a morte causa em mim, li histórias em que pessoas morriam, pensei nas mortes que já "presenciei", e nossa meu coração se apertou, doeu tanto ler sobre, ouvir sobre, sentir saudades. Um vazio tomou conta de mim em cada palavra, cada vírgula, cada lágrima, um vácuo horrível que parecia não querer ter fim. Logo eu, que terei que lidar com a morte quando cursar medicina, terei que me adaptar a ver ela acontecer com frequência ou até mesmo ter o cargo de tentar salvar alguém dela, e se eu não salvar, como me sentirei? Como lidarei com isso, como carregarei esse fardo? A pessoa que morreu irá levar consigo um pedaço meu, e eu temo por isso. Temo por não ter esse pedaço de volta, temo por ter deixado ele ir, temo pela vazio que se criará. Em cada morte que li eu perdi um pedaço, perdi lágrimas, sentir dores, fui apunhalada por cada palavra que meus olhos liam ou que meus ouvidos escutavam. Só de pensar em tal coisa meu estômago se embrulha, meu coração se aperta tanto que minhas lágrimas saltam dos meus olhos, que dor incontrolável, que vontade de ir buscar todos os que foram para o sofrimento dos que ficaram sumisse.
Quando a morte vem ela leva consigo toda a cor do ambiente, deixa tudo tão frio, tão gelo. Leva todas as cores e as alegrias, a morte é muito egoísta. Ela não divide nada com ninguém e leva tudo consigo sem devolver, quer tudo pra si, todas as cores, todos os sorrisos. Como ela é possessiva, quer tudo pra si sem dó e sem piedade, quanta frigidez. Será que ela não se comove com toda a tristeza que causa e toda dor? Eu sei que ela precisa fazer isso, ela não tem escolha, mas ela poderia pelo menos dar a chance de um último abraço, só pra o vazio que ela causar seja mais amênuo. Tadinha da morte, ela lida com tanta tristeza que mesmo que ela leve tudo ela nunca deixará de ser fria, nunca deixará de levar as cores, porque isso é a única coisa inevitável na vida: o seu encontro com ela.
Eu sei que todos evitam esse encontro, ninguém quer provar de tal frieza e frigidez, mas é inevitável.  E a cada encontro dos outros, é como se um pedaço meu fosse junto, uma dor enorme me toma que parece que a quela pessoa é algo meu, mesmo que nem ao menos saiba seu nome, como eu sou estranha. Só sei que não sei lidar com perdas, não sei lidar com a morte, parece que nesse momento todos se tornam algo meu que eu não quero perder, então morte por favor não lme apareça mais, mesmo eu sabendo que esse pedido é em vão. - Por Isabella Cancio

Um comentário:

  1. Cinsero, honesto, é uma verdade que muita gente compartilha, ou seria todos! É mesmo dificil acordar e saber que alguém que existia não existe mais, que o coração batia e não bate mais, que sorria e chorava e não mais!! Mas aos vivos a vida até a obra ser perfeita e completa, até que a definição chegue e interrompa, como não sabemos vivemos da melhor forma possível para celebrar e homenagear todos aqueles queridos que já completaram a sua obra!

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