segunda-feira, 19 de julho de 2010

Era uma vez num sonho.

Quando eu era pequena, mais pequena do que ainda sou, eu costumava idealizar meu futuro sonhando em como seria, desejando milhões de coisas para construir o tal futuro perfeito o qual eu aspirava diariamente. Eu me preocupava com os minuciosos detalhes, fiz praticamente o roteiro da minha vida baseada na minha vasta experiência adiquirida nos belos e românticos filmes de Walt Disney, foi praticamente uma princesa para cada fase da minha vida, segundo meus planos.
Na primeira fase eu desejei ser a Bela da Bela e a Fera, residir em um castelo onde todos eram objetos engraçados e divertidos e que tudo era motivo para que eles dançassem e cantassem, e estar perdidamente apaixonada por um belo príncipe. De certa forma eu sou um pouco Bela e tenho uma fera, mas minha fera não voltou a ser príncipe e a cada dia mais se torna mais feroz, sua gentileza raramente aparece. Aprendi que diminuir as pessoas ao patamar de objetos é o pior erro que se pode cometer e é o que mais pode vir a ferir o próximo, logo a minha ilusão de viver esse conto de fadas se tornou impossível e abandonada.
E então eu quis ser como a Cinderela, ter duas irmãs feias e uma madrasta que me odiassem, ser borralheira e num belo dia uma fada aparecesse para que eu pudesse ir a o baile real e fazer com que o príncipe se apaixone por mim apenas com uma dança. E na hora que eu o deixasse por conta do encanto que estava prestes a acabar eu perdesse meu sapatinho, e então ele mandaria seus soldados de casa em casa para encontrar o pé que caberia naquele calçado e então me encontraria e me tiraria da vida de borralheira para vivermos o nosso amor felizes para sempre. Porém pude ver que o meu encanto não acaba a meia noite, ele é eterno, e que ninguém aparecerá para me salvar em todas as horas de perigo, eu mesma terei que me ajudar na maioria das vezes. Eu até tenho duas irmãs, isso é a unica pequena semelhança com o conto de fadas, mas as minhas são as mais belas e maravilhosas irmãs que alguém poderia desejar. E mais um conto de fadas eu deixei pra trás.
Mergulhei então no mar da Pequena Sereia, desejei ser da realeza, viver numa festa como ela vivia com seus peixes e corais e provar meu amor à alguém de uma forma linda e grandiosa, como ela fez trocando sua voz por pernas, só por causa do seu amor pelo príncipe. E mais uma vez a vida me mostrou outras visões sobre tal história, me fez ver que meus pais são realmente da realeza e não por terem bens, e sim por terem sido vitoriosos nessa vida e com um caráter de ouro. Descobri também que a realidade não é só festa e beleza, que para aprendermos certas coisas só da forma dura que a vida faz, é assim que tem que ser. E por fim aprendi que as provas de amor mais belas que posso demonstrar para alguém são as mais simples, que não posso querer me mudar para me amarem, quem me ama realmente ama também meus defeitos e qualidades do jeito que são, me mudar seria uma traição comigo mesma: a pessoa mais importante da minha vida.
Quis beijar um sapo para que ele virasse príncipe, e fiz, mas quando eu abri os olhos percebi que tinha virado uma sapa como ele por tamanho erro que tinha cometido, beijos não resolvem problemas e nem melhoram pessoas, apenas matam desejos. Vi que não podia cobrar mudança de pessoas por dar algo em troca, apenas deveria esperar para que o outro quisesse mudar por si só e que se isso não acontece eu deveria deixar, os incomodados que se mudem.
A partir de então venho querendo ser a Bela Adormecida, dormir até que todas as minhas atribulações se resolvam e quando estiver tudo perfeito um belo príncipe venha então despertar - me do sono e para o amor eterno, e mais um final feliz se faria apartir desse momento. Mas novamente a vida aparece e me faz ver as coisas com outros olhos, me mostra que ignorar os fatos nunca os alteraram e então eu preciso encarar as adiversidades de cabeça erguida para resolve - las e que eu preciso acordar pra realidade sozinha, sem a ajuda de ninguém, até porque ninguém pode fazer isso por mim. E que nada é perfeito e nem ninguém, a graça de tudo são as imperfeições, as singularidades, isso sim meche conosco e nos faz vibrar e sentir.
No "final" de tudo sobrou uma única coisa que eu poderia querer como nos contos de fadas e que quero diariamente, uma coisa mágica na fantasia e na realidade: o amor, essa é uma das únicas coisas que posso querer como as princesas quiseram, e quero. Também posso desejar um príncipe, mas ele não virá num alazão e nem será extremamente pelo na aparência, mas sei que terá um caráter e um interior tão belo que transbordara para o exterior toda essa beleza se torna o mais belo dos homens, que me amará pelo o que eu sou e como eu sou, essa sim é a maior prova de amor, não precisará matar dragões ou subir na torre mais alta para demonstrar tamanho amor. - Por Isabella Cancio.

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