segunda-feira, 8 de março de 2010

Um brinde à nós mulheres portadoras da sedução.


Um brinde a todas as mulheres com jornadas triplas: dona de casa, mãe e esposa. A todas que andam horas em cima de um belo salto agulha sem perder a pose, a todas, que como eu, passa pelo dia "meu cabelo acordou pra me atormentar hoje" o que é comum durante a adolescência (quando nós mais necessitamos da colaboração dele, vai entender), que soube lidar com aquelas espinhas asquerosas que brotavam bem no dia daquela social light tão esperada. Um brinde àquela mãe que se desdobra pra pagar as contas e alimentar seus filhos com um salário mínimo conseguido através da sua cansativa rotina de doméstica das madames (insuportáveis que não sabem o valor do dinheiro, pois pra elas tudo é muito fácil), brindaremos também àquelas que diariamente batalham e vencem a guerra contra o câncer, mesmo que a tal esteja desenganada e só resta desfrutar de seus últimos dias de vida com um sorriso no rosto, brindarei também à quem luta contra o preconceito da AIDS que não é contagiosa ou qualquer outra DST, também não posso esquecer de todas aquelas possuem alguma dificuldade física ou psíquica que na nossa sociedade banal é tão discernida (e o lema somos todos iguais, onde fica mesmo?). Um brinde a todas as mulheres operárias que estão bem abaixo da classe baixa, pois são miseráveis com o vergonhoso salário que ganham fazendo trabalhos braçais rurais como homens e que ficam horas debaixo desse Sol para que nós os burgueses possamos desfrutar de tudo ao nosso alcance, não podemos esquecer de todas as que convivem todo dia com violências domésticas ou que já superaram esse mal ou então que sofreram violência na rua. Brindarei também a todas as mães que tiveram que ser pai e mãe de seus filhos por não saberem que o escolhido para a paternidade era um perdido e desmoralizado, também não esqueceremos todas as mães que carregaram durante 9 longos meses seus filhos para que quando chegassem a uma idade mais avançada virariam desgostos ambulantes. Um brinde a todas que aturam seus irmãos e irmãs mais velhos mandões, ou os mais novos chorões ou até mesmo os gêmeos que são seus espelhos sobre duas pernas, a todas as quais o país onde vivem a sociedade ainda é extremamente machista e com isso terem que ser subordinadas a seus maridos subestimados.
Enfim, um brinde a mim, a você e a todas as outras que não foram citadas mas que vencem as conturbações diárias e fazem exatamente o que os homens fazem com algumas diferença: em cima de um belo par de saltos sem nunca perder a compostura, com muito mais sensibilidade, entre outros. - Por Isabella Cancio.

2 comentários:

  1. AMEI o texto, inteligente e com o toque de humor.. rs

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  2. muuuuuuito bom o texto! nossa, amei, isa! me senti melhor depois que li! HAHAH viva às mulheres!

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