quinta-feira, 18 de março de 2010

Hiperbólico.


Venhamos e convenhamos morrer é banal. Um belo dia você está dormindo e simplesmente não acorda, ou você ganha uma bala perdida enquanto estava na faculdade e simplesmente não resiste. E todos os seus planos pra semana que vem? Todas as suas contas e objetos pessoais? Todos os seus entes queridos? O que fazemos com isso tudo? Todos serão obrigados a resolver os seus problemas, já que você está impotente eternamente em relação a eles, e logo você que dizia: não mexa nas minhas coisas. Você demorou 80 anos pra construir tudo, deixar seus sinais, abrir contas, casar, ter filhos, se formar e em menos de um mês todos os que ficaram serão obrigados a apagar os rastros de uma vida, todo o suor de anos de construção são apagados em um mês, sem nenhum esforço, como uma borracha apaga um lápis, irônico não? E depois da morte, simplesmente acabou? Você vai precisar de milênios pra descansar apenas uma curta vida de 80 anos, vira pó, some, simplesmente é apagado do mapa, que exagero. Você pode ser a pessoa mais precavida e morre, ou pode ser a mais porra louca do mundo e morre também, que hipérbole ridícula. Logo você que odiava ficar com o nariz entupido encheram você com algodão para deixar bem claro que acabou, nenhum ar entra por ali, a vida evaporou no último suspiro. E você pensa: não fiz tudo o que tinha pra fazer, não dancei aquela última dança, nem comi aquele doce dos meus sonhos, muito menos fiz aquela viagem, não disse palavras de amor a quem amo e depois do último suspiro você não terá como dizer. E você que era o mais perfeccionista deixou muitas coisas inacabadas que ou serão interrompidas por quem restou ou serão finalizadas por eles também. Será que isso é realmente certo? Será que o valor da vida só é realmente dado quando estamos diante da morte, é preciso essa banalidade acontecer pra que possamos ver o quão à vida é grandiosa e ligeira, que horror. Parece que somente diante de tal catástrofe, quando não dá mais pra voltar atrás podemos ver o quanto éramos felizes e realmente não sabíamos, que momentos pequenos eram grandiosos, que realmente nada é pra sempre até mesmo você que se julgava um super herói. O ser humano realmente é um eterno paradoxo, só consegue ver o valor da vida diante da morte, que burrice, logo no momento em que não temos segunda chance. Também nesse momento onde presidentes, mendigos e papas são reduzidos ao mesmo patamar: pó. E então eu te pergunto: adiantou todo o império, poder, dinheiro, egocentrismo, egoísmo pra no final todos serem reduzidos a mesma coisa? - Por Isabella Cancio.

Um comentário:

  1. Caraca! Meu, parabéns... esse texto me fez refletir muito. Isa, continue escrevendo... vc tem talento.

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